Qual a Dor da Liderança?

É inquestionável o fato de que o sucesso de uma empresa está diretamente relacionado ao seu resultado prático. Tom Peters, guru de administração de empresas, defensor do alinhamento de propósito como insumo poderoso da gestão por excelência, na sua ampla visão de negócios dizia que 99% do sucesso de uma empresa depende do resultado, mas que 98% do resultado depende substancialmente das pessoas. No entendimento de que o sucesso da empresa passa pela métrica do resultado, e que a principal fonte de geração de resultado são as pessoas, imaginar que o conceito de “marca pessoal” não se conecta à dor da liderança, me parece, se não inusitado, descabido.

Liderança é um processo de influência e está diretamente associada aos traços positivos e negativos do líder como representação do seu caráter. Antes do indivíduo se constituir líder, ele se apresenta como pessoa. O seu DNA pessoal justifica como ele se comportará com o chapéu de líder. Sua marca pessoal, o que ele traz em si como valores e atributos pessoais, é o principal indicativo de como ele irá se posicionar nas suas relações de trabalho e, sobretudo, tratar aqueles que estão sob a sua gestão. Quem ele é como pessoa atesta seu caráter profissional. Sua marca pessoal, portanto, é pré-requisito da sua marca de liderança.

Na condição de conhecedor do negócio, o líder é contratado por ser a pessoa certa para desempenhar determinado papel. Mas, se autentica como gestor de pessoas, pelo caráter das suas ações com base nos padrões de conduta que estabelece para si mesmo. Para ser legitimado como líder que abraça a responsabilidade de desenvolver pessoas, precisa ir além das suas competências técnicas e chancelas. Deverá ser capaz de ajudá-las a desenvolver o seu potencial, muitas vezes desconhecido, e mobilizá-las para que compartilhem visão, propósito e se disponibilizem a construir o resultado com energia colaborativa.

Ser bem-sucedido na missão de liderar vai muito além de manter obrigações e dar ordens. É preciso “fazer por merecer” ser reconhecido como referência por aqueles a quem lidera, pois seu referencial de liderança está relacionado a sua expressão humana nas interações de trabalho. Alguns, ainda alinhados ao modelo de liderança despótica vigente em algumas empresas, se mantém adeptos do “quem manda pode”, fiéis aos moldes da gestão autocrática. Outros, por disposição orgânica, se estabelecem naturalmente como referencial forte de liderança, conseguindo influenciar e estimular as pessoas a exercer o melhor de si através do próprio exemplo.

Num mundo plural onde as práticas de gestão requerem cada vez mais responsabilidade compartilhada e compromisso com o respeito e a transparência, a relação entre marca pessoal e marca empregadora se torna simbiótica e o modo como a liderança, na condição de recurso estratégico, é exercida revela excelência ou deficiências que impactam significativamente a saúde das relações de trabalho.

O líder, na sua veste profissional, apenas reflete o que na condição de indivíduo ainda não conseguiu realizar. A despeito da marca pessoal ser um poderoso recurso na autenticação da marca de liderança, muitos líderes, ainda distantes dessa consciência, não conseguem exercer seus valores e atributos pessoais em benefício próprio como facilitador na construção de um referencial forte de liderança. A dor das lideranças se expressa na raiz humana das conexões de trabalho e quando projetada encontra rótulo na marca profissional, mas é na marca pessoal que transparece a sua real necessidade de cura.

Waleska Farias
Liderança, Carreira e Imagem

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