“Líderes não são mágicos, mas, conscientes do poder de realização das pessoas operam milagres. ”
*O líder Integral – Waleska Farias
Ano novo é sempre um prenúncio de novas realizações, certo? Deveria. Mas, no que tange às tendências e boas práticas da liderança, há controvérsias. Na contramão do que deveria ser, a relação líder-liderado em algumas empresas padece o descompasso provocado pela miopia de certos líderes que ainda insistem em reproduzir velhas práticas que em dado momento podem ter sido bem-sucedidas, mas, agora, definitivamente, não mais. Um dos aspectos que mais contribui para esse descompasso é privilegiar na avaliação de desempenho as fraquezas ao invés das competências. Mas, no processo de gestão de pessoas vale mais priorizar os pontos fortes ou fracos do profissional?
Seguindo o raciocínio do Tom Peters “se o resultado é 98% do sucesso de uma empresa e 99% do resultado depende da ação das pessoas”, é evidente que as pessoas são o ativo mais importante de qualquer organização. Não por acaso, as empresas investem tempo, dinheiro e esforços para atrair e reter os melhores profissionais, montar equipes de alta performance e atingir resultados extraordinários. Pessoas, portanto, na condição de recurso estratégico, são prioridade nessa equação. No entanto, para conseguir incentivá-las a desempenhar no melhor de si é preciso saber identificar seus talentos e desenvolvê-las com base no que elas fazem bem.
A despeito da excelência do líder estar associada à sua capacidade de fazer uma leitura honesta das pessoas que lidera e estimular seu potencial de realização, seja por influência da cultura defasada de algumas empresas ou do estilo de gestão autocrático de alguns líderes, o ponto focal de avaliação ainda se concentra nas falhas e não nas competências das pessoas. É muito comum ver líderes superestimando as fraquezas ao invés de valorizar as qualidades dos seus liderados. Mas, como inspirar pessoas e estimular o alto desempenho focando nos pontos fracos ao invés dos fortes? Essa situação me remete à frase do Albert Einstein que ilustra bem o caso: “Somos todos geniais, mas, se você julgar um peixe por sua capacidade de subir em árvores ele passará a vida inteira acreditando ser estúpido. ”
O líder é a conexão entre a equipe e as diretrizes da empresa. Ele é quem primeiro recebe as informações sobre os planos e metas, e é também responsável por definir a melhor estratégia de execução e adequar quem faz o quê. Não é mais adequado, então, alocar alguém para trabalhar exercendo seus pontos fortes, ao invés de concentrar esforços na correção dos seus pontos fracos?
Compreende-se que grande parte dos líderes foram alfabetizados na cartilha de uma cultura rígida, mas é hora de desapegar desses moldes e alinhar-se às diretrizes da liderança do futuro já em curso. É muito mais produtivo e “honesto” alocar o profissional para atuar no que ele é referência, investindo nos seus aspectos positivos, e a melhor maneira de fazer isso é estimulando suas fortalezas. Focar nas limitações e não nas qualidades das pessoas é desqualificá-las. Acredite, uma abordagem baseada em pontos fortes é um recurso de extremo valor para alçar as pessoas a níveis mais altos de engajamento e produtividade. No caso de não estar convencido dos benefícios de considerar a avaliação dos pontos fortes no desenvolvimento de pessoas, registre três evidências e repense sua estratégia:
- Um grande benefício de considerar na avaliação das pessoas os seus pontos fortes é o impacto dessa estratégia nas emoções positivas. Quando as pessoas têm a oportunidade de exercer seus talentos naturais e trabalhar com o que fazem de melhor, elas experimentam grande satisfação emocional, sentem-se autorrealizadas, engajam-se com mais facilidade e tornam-se muito mais produtivas.
- Outro motivo para adotar a gestão dos pontos fortes na avaliação do profissional é que o alto desempenho está diretamente associado à aplicação dos pontos fortes nas rotinas de trabalho. O mesmo tempo aplicado para melhorar a fraqueza pode potencializar significativamente a força. As pessoas tornam-se bem-sucedidas quando têm a oportunidade de trabalhar exercendo seus pontos fortes ao invés de envidar esforços no aprimoramento dos seus pontos fracos.
- Por fim, uma excelente razão para enfatizar os pontos fortes na gestão de pessoas é que a autoestima é o sistema imunológico do cérebro. O foco exagerado nas fraquezas pode levar o profissional a tentar esconder suas vulnerabilidades por medo de ser mal avaliado. Muitos profissionais talentosos quando perdem a confiança em si mesmos passam a duvidar do seu potencial de realização e, mesmo que inconscientemente, acabam empenhando-se para esconder seus pontos fracos por medo de serem vistos como fracassados.
Como ressalva, não se trata de ignorar os pontos fracos. Assim como o desconhecido é indefinido, aquilo que não é considerado não se gerencia. O colaborador deve, sim, ter consciência das suas limitações e assumir a responsabilidade por elas. Mas, no processo de gestão de pessoas o parâmetro de avaliação deve privilegiar os pontos fortes. Quando o líder no seu critério de avaliação apenas visualiza os pontos fracos do colaborador é melhor reconsiderar se este é, de fato, a pessoa certa para desempenhar as funções para as quais foi alocado. Se for este o caso, algo de muito errado pode estar acontecendo na relação líder-liderado. Oportuno repensar a estratégia de gestão e evitar consequências danosas tanto para a empresa como também para o líder e seus colaboradores.
Waleska Farias
Liderança, Carreira e Imagem