Pela primeira vez na história o Brasil sediará os Jogos Olímpicos. Aproximadamente 200 nações de todas as partes e continentes enviarão seus representantes para as competições em solo brasileiro. Segundo posição do comitê olímpico já foram vendidos mais de 4 milhões de ingressos e estima-se que 10.500 atletas, milhares de profissionais de imprensa e centros de apoio, além de interessados em esportes e turistas de diversas partes chegarão ao Rio de Janeiro, onde conviverão todos juntos durante o período do evento. Compartilhando com amigos, também profissionais da área de desenvolvimento humano, meu receio a respeito do desafio de, num curto espaço de tempo, ver integradas milhares de pessoas provenientes de países com culturas, necessidades e hábitos distintos, em busca de meios que as possibilite estreitar margens de adequação, percebo com a confissão que não estou sozinha. O meu receio é o mesmo de muitos deles.
Acredito fortemente que percepções se tornam realidade, portanto, procuro sempre registrar os fatos por um viés positivo, contudo, diante dos últimos acontecimentos, onde conteúdos que jaziam no porão foram catapultados ao sótão, muitos aspectos não podem mais passar despercebidos. Deslizes e descabidos irresponsáveis expuseram o descaso alheio com o princípio da coexistência honesta pelo respeito ao bem comum, revelando ao mundo um caráter que não representa a maioria de nós brasileiros. A publicação recente pela Harvard Business Review de uma pesquisa da cientista organizacional e especialista em desenvolvimento em liderança Dra. Sunnie Giles, (Top 10 Leadership Competencies), apontando que “padrões éticos e morais elevados proporcionam uma maior sensação de segurança”, potencializou o meu temor.
Considerando que na convenção do que é certo ou errado cabe a interpretação de valores os quais nas relações humanas não se expressam como caráter absoluto, em meio à diversidade de línguas, culturas, moedas e propósitos como se dará a convivência entre pessoas com comportamentos, expectativas e referências tão distintas? Como coibir maus hábitos e disposições de alguns no trato àqueles que, educados de outra forma, se mobilizaram para acompanhar os jogos olímpicos no nosso país? Uma vez que os valores éticos e morais, conforme a pesquisa, respondem pelo aumento da sensação de segurança, qual o centro comum a ser estabelecido capaz de nivelar o significado do conceito de ética e moral na preservação do senso de segurança e incentivo à integração durante o evento? Imagino que nos caiba a todos a reflexão.
A verdade é que temas como liderança, ética e segurança, no sentido amplo, são valores os quais carregam diretrizes éticas e morais como fator determinante de bem-estar e integração, e devem justapor-se em respeito aos que chegam de vários cantos do mundo com o desejo de fazer parte e conviver bem. Espero que nós, cidadãos brasileiros, unidos e cientes dos desafios que nos cabe, saibamos honrar o fato de sermos o primeiro país sul-americano a receber uma edição de jogos olímpicos e contribuir cada um com a sua parcela, para que a segurança e o bem-estar dos que nos visitam seja um reflexo dos padrões éticos e morais pelos quais há tempos lutamos ferrenhamente.
A todos uma excelente olimpíada.
Waleska Farias
Liderança, Carreira e Imagem