O conceito de disrupção cada vez mais amplia sua abrangência e angaria simpatizantes ao redor do mundo. As novas tendências surgem em tempo exponencial com nível de complexidade e velocidade surpreendente, influenciando meios sociais e culturais e impactando a vida de todos, pela necessidade de atualização e especialização constante. É certo que evoluir com rapidez é um imperativo dos novos tempos. As tecnologias se inserem em todos os segmentos e tomam parte das nossas vidas, aproximando cada vez mais o virtual do real. Na onda evolutiva cabem propósitos futuristas, conceitos exponenciais, novos conhecimentos e informações, mas, também transformações sociais e culturais, as quais vêm provocando mudanças profundas e aceleradas ao indivíduo, elevando o potencial de disrupção entre o tecnológico e o humano. Será que estamos, de fato, preparados para acompanhar o fluxo e a velocidade das transmutações provocadas pelas “techno trends”?
Os processos disruptivos impõem a todos o desafio de se adaptar às formas e à velocidade com que as mudanças acontecem, sem que ao menos tenhamos tempo de validar, na prática, a essencialidade das mesmas nas nossas vidas. Como alerta sobre o tema o fundador da The School of Life – David Backer, na palestra “Tecnologia e humanidade” em São Paulo – publicada pela Exame (set/2017), diz que “A tecnologia nos ajuda em diversas áreas, facilita processos, acelera as comunicações e gera resultados rápidos. Mas, para tudo há um limite, e ainda que não façam tantos anos que a tecnologia atingiu um certo ápice, existem pessoas comprovando na pele que os excessos podem prejudicar a vida social e até mesmo a saúde. ”
Não raro, nos deparamos aqui também com a questão do limite. A falta de limite que por extrapolar a medida da capacidade se torna pesado e leva à autotransgressão. Limites requerem custo-benefício, pessoal e intrasferível, pois tratam de condições individuais. É necessário que haja uma visão crítica para que sejam analisados os aspectos positivos e negativos implicados no processo. Ainda com base no discurso de Backer que relaciona o limite á responsabilidade pessoal: “descobrir um limite de interação com as tecnologias é algo individual, cada um deve buscar essa equação para respeitar sua própria natureza.”
Descobrir a capacidade, questionar modalidades e definir o espaço entre a necessidade e a disponibilidade, pois excessos, invariavelmente, revelam faltas, e no rastro do evolutivo muitos, sem perceber, se distanciam dos próprios limites, negligenciando a medida do seu bem viver pelo que cabe como equilíbrio entre os vieses que se implicam. A sabedoria de saber quando se está além ou aquém dos próprios limites. Somos o cavaleiro e não o cavalo. A tecnologia a nosso serviço e não o contrário. Que a cada um, ciente da sua justa medida, baste o seu próprio cuidado e o juízo de valor na preservação da sua natureza. Quanto mais consciente for o não para o que excede, mais profundo é o sim para si. Nem mesmo o imperativo evolutivo pode se dar a qualquer custo. Consideremos!
Waleska Farias
Liderança, Carreira e Imagem