Carreiras Pretas Importam

O tema carreira preta cada vez mais vem ganhando espaço na mente das pessoas. Cresce, não sem tempo, a consciência individual de que o profissional negro, por direito, deve ter acesso às mesmas oportunidades de sucesso. Mas eles certamente não terão êxito agindo sozinhos. A luta é de todos. É preciso que haja engajamento da sociedade e das organizações a fim de identificar as barreiras existentes e pensar junto em como resolvê-las.

Segundo o IBGE, mais da metade da população brasileira é negra. Considerando essa representatividade e a inclusão como marca desses novos tempos, é preciso que as empresas priorizem nas suas dinâmicas as principais necessidades dessa grande parte da população. Os indicadores do mercado de trabalho seguem confirmando que os negros somam a parcela com as piores condições de emprego e renda do país. Com a pandemia, foram eles que mais sofreram os efeitos da crise. Ranço decorrente de uma longa e velha história alimentada pelo racismo estrutural. 

Quem sofre tem pressa. O tema não pode mais ser tratado apenas como uma necessidade, mas como uma urgência, pois os profissionais  negros precisam de espaços seguros para compartilhar suas aspirações de trabalho, crescer e vivenciar seus sucessos sem serem incluídos em narrativas de limitação racial.  

Por onde começar as mudanças que precisam ser feitas?

A população negra tem capacidade de ocupar posições de maior responsabilidade e reconhecimento, mas no contraponto do que deveria ser a realidade, os negros ainda sofrem o estigma da discriminação e passam ao largo das melhores oportunidades. É como se, marcados pela cor da pele, não fossem vistos como capazes de ocupar cargos de decisão e comando nas organizações.

“81% veem racismo no Brasil, mas só 34% admitem preconceito contra negros.” (*PoderData)

O racismo é um sistema, não uma pessoa, o que significa que as instituições e organizações não podem erradica-lo simplesmente eliminando as pessoas que são racistas. O problema é muito mais profundo. É hora de confrontar a verdade incômoda e constrangedora da nossa história e responder ao chamado para lidar com o preconceito que limita as oportunidades de trabalho e quebrar o ciclo que cria uma situação em que os negros começam a corrida atrás da linha de partida.

Como manter o profissional negro subindo na escada corporativa? 

Um bom ponto de partida é questionar o significado de “carreira negra”. Na verdade, devemos parar de pensar que carreiras são uma série de empregos e começar a perceber que são, na verdade, uma série de decisões influenciadas tanto por oportunidades profissionais quanto por circunstâncias pessoais.  

No sistema viciado, as opções de decisão para os negros em busca de carreira são limitadas pelo fato de terem menos oportunidades e carregarem o peso das desvantagens econômicas e educacionais, às quais limitam ainda mais suas chances de competir pelos melhores empregos.

Outro desafio é melhorar o acesso do negro às melhores universidades e faculdades do país e capacitá-lo para atingir seus objetivos. Aqui é a chave de virada onde começa o sucesso na carreira de muitas pessoas de todas as raças e classes. A prova é evidente quando você olha quem é admitido em escolas de primeira linha.

Um ponto crítico a ser abordado.

Nas práticas de contratação e gestão nas empresas a cor não pode invalidar o potencial. Existem muitas ações específicas que as organizações podem realizar para garantir uma cultura de apoio ao crescimento profissional dos negros. É esperado um maior cumprimento da lei de oportunidades iguais de emprego como ponto de partida. As carreiras negras também devem ser apoiadas pela estrutura de desenvolvimento pessoal que profissionais brancos recebem naturalmente: mentoria, experiências de trabalho multifuncionais e treinamento de capacitação para ocupação de cargos de liderança.

O propósito é coletivo, mas a real transformação se dá pela decisão individual. A mudança não acontece na  espera pelo outro. Cada um de nós pode tomar uma decisão consciente de forçar a curva, de ser voz ativa em vez de assistir tudo passivamente sem fazer algo consistente para acabar com o preconceito sistêmico que se arrasta, limitando os negros viverem com dignidade seus propósitos pessoais e profissionais. 

Waleska Farias

Liderança, Marca Pessoal e Reputação Profissional.  

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