Maioria dos internautas acredita que empresas devem exigir que funcionários aparem barbas, bigodes ou cortem os cabelos – Correioweb – Admite-se
Aparar barbas, bigodes ou cortar os cabelos são atitudes que podem ser exigidas pelas empresas? Essa foi a pergunta feita na enquete que foi ao ar no Admite-se entre os dias 19 e 26 de março. Mais de 600 internautas votaram, sendo que 68% responderam que sim, a empresa deve prezar pela imagem junto ao cliente, e 32% acreditam que não, o ato afronta a dignidade e intimidade humana. Foram consultadas duas profissionais da área de recursos humanos que explicam que a importância de manter uma boa aparência vai além de uma exigência meramente estética.
Para a consultora de Etiqueta Corporativa e Marketing Pessoal Waleska Farias, manter uma boa aparência é essencial no mercado de trabalho. “Não é apenas aquilo que dizemos, mas também como nos apresentamos ao dizê-lo, que atrai o interesse das outras pessoas. A aparência é, dentre outros, um aspecto de fundamental importância no nosso portfólio pessoal”, afirma.
Divulgação
A consultora de etiqueta corporativa e marketing pessoal, Waleska Farias, acredita que manter uma boa aparência é essencial no mercado de trabalho.
A diretora de Desenvolvimento Humano e Organizacional da empresa Talk Interactive Angela Souza, explica que para quem contrata, a boa aparência é levada em consideração porque ultrapassa o conceito de beleza física apenas. “A boa aparência que influencia uma contratação é aquela que sugere que o candidato tem boa saúde física e psicológica. Aquela que sugere que o candidato possui boa dose de amor-próprio, energia, iniciativa, disposição para aprender, empreender e relacionar-se, sobriedade, bom senso e simpatia”, afirma.
Waleska ressalta que é importante adaptar-se a cada ambiente de trabalho. Alguns exigirão trajes mais formais, outros permitirão que o funcionário use roupas mais despojadas e não farão muitas exigências quanto à aparência. “Empresas que não prestam atendimento direto aos clientes, de certa forma não consideram prioritários esses cuidados”, exemplifica. A consultora lembra, porém, que a falta de cuidado pessoal, principalmente com relação à higiene, pode ser considerada como uma tendência à desorganização e falta de limpeza dos ambientes que a pessoa frequenta.
Para evitar que isso ocorra, Waleska sugere que o profissional procure saber previamente sobre o tipo de conduta e trajes usuais na empresa, e, a partir daí, verificar se a roupa que escolheu é adequada e se está limpa, bem passada e sem rasgos. A dica para os homens é estar sempre de barba feita, unhas cortadas e pele limpa e sem suor. Já as mulheres devem usar o bom senso, atentando para o comprimento das roupas, o tamanho dos decotes e dos acessórios. Para os dois, é interessante optar pelo clássico, evitando qualquer adereço que chame mais atenção que as aptidões profissionais.
Competência define contratação (fonte – Correioweb – Admite-se 04/04/2010): Recentemente a Universidade de Yale, nos Estados Unidos, realizou uma pesquisa que apontou que a aparência física pode influenciar inclusive no salário do profissional. Entre os entrevistados, os que foram considerados menos atraentes ganhavam salários, em média, 10% menores do os considerados mais atraentes. Para Angela Souza, o resultado obtido na pesquisa é apenas uma coincidência. Ela acredita que, dentro do universo pesquisado, é provável que as pessoas com melhor apresentação eram também as mais competentes.
Para ela, a aparência do profissional pode influenciar na hora da contratação, mas não no valor do salário. “As empresas costumam ter políticas claras de cargos, salário e carreira, em conformidade com o mercado de trabalho. Porém, os empregados que se destacam pela competência, os que passam a constar da lista dos talentos que a empresa não quer perder, esses acabam definindo os próprios rendimentos”, ressalta. A consultora Waleska acrescenta, ainda, que esse tipo de julgamento pode levar a preconceitos e precipitações, o ideal é efetuar o processo de avaliação levando em consideração todos os aspectos envolvidos, e não somente a aparência física do profissional.
“Julgar um profissional tão somente por sua aparência não é a maneira mais correta de avaliá-lo. De qualquer forma, na hora de formar uma opinião a respeito do perfil de um determinado candidato, o quesito aparência contará pontos contra ou a favor, enquanto conceito de ‘apresentação pessoal’”, explica a consultora. E Angela Souza completa: “Julgar pessoas é um vício que torna um recrutador incompetente. Bons recrutadores têm informações relevantes e avaliam candidatos a partir de currículos, referências, testes específicos e entrevistas”.
Em algumas empresas a preocupação com a aparência é essencial. “Assim como ambientes formais pedem uma apresentação compatível, as empresas do segmento de estética e saúde, por exemplo, também requerem profissionais que possam agregar valor às suas marcas. O chamado ‘modelo de referência’ em associação ao produto”, esclarece Waleska. “Não procede que uma empresa que tenha como finalidade vender o conceito de beleza mantenha no seu quadro funcional colaboradores desleixados com sua aparência. Nesse caso, cabelo, pele, unha e postura dos profissionais representantes deverão comprovar a eficiência dos produtos e serviços os quais representam”, acrescenta.
Com o intuito de não causar desconforto para o empregador ou para o empregado, a consultora Waleska Farias explica que é importante que as duas partes combinem previamente o que será exigido de cada uma. “Tem um ditado que diz: ‘o que é combinado não é caro’. Portanto, quando da entrevista, ambas as partes deverão certificar-se das exigências mútuas, para somente depois acertarem a contratação. Se a empresa solicita que a barba seja feita em observação às suas normas de conduta interna, é fundamental que o profissional, certo das exigências desde o princípio, comprometa-se com a adequação às mesmas”, conclui.
Correioweb – Admite-se 04/04/2010
Mariana Niederauer